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segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Candomblé é tema de exposição fotográfica

Espaço Cultural Renato Russo mostra fotos sobre a religião africana

Márcia Prado

A exposição “E o silêncio nagô calou em mim” foi aberta ao público no Espaço Cultural Renato Russo desde o dia 3 desse mês e irá até o dia 20 podendo ainda ser prorrogada. A mostra contém fotos tiradas pela fotógrafa e pesquisadora Denise Camargo. A exposição é um projeto contemplado com o Prêmio Nacional de Expressões Culturais Afro-brasileiras, realizado por meio do Centro de Apoio ao Desenvolvimento Osvaldo dos Santos Neves e Fundação Cultural Palmares, com patrocínio do Ministério da Cultura e Petrobras.




“As fotos fazem parte de um capítulo da tese de doutorado sobre Candomblé que eu defendi na Universidade de Campinas (Unicamp). Há alguns anos eu já fotografava e criei um certo interesse pelo assunto, pela religião e transformei isso em objeto de estudo”. De acordo com ela, a fotografia é um elemento forte para as pessoas que convivem com a religião. “Há uma certa dificuldade, pois a foto invade a privacidade do ritual”, afirma.

A expectativa de visitação à exposição é alta, Denise diz que o lugar tem um fluxo grande de pessoas, e que por isso, ela espera que muita gente passe por lá. A fotógrafa afirma ainda que um leigo pode ter uma visão diferente por não ter conhecimento de certos símbolos. “O que mais chama a atenção é a possibilidade de contato com uma cultura que não é a sua”.

O objetivo de trazer essa exposição à Brasília é discutir não só a fotografia, pois tem textos que revelam as reflexões da artista na concepção das imagens, e levam o público à fazer as conexões necessárias e propor uma discussão sobre as intolerâncias religiosas. Segundo Denise, a intenção é levar a exposição a mais dois espaços aqui da capital.

A religião no DF

“Aqui no Distrito Federal tem um movimento muito grande para derrubar os templos de Candomblé. É importante ressaltar que a religião tem traços africanos mas é altamente brasileira”, diz a fotógrafa que faz pesquisas sobre o assunto.

De acordo com o babalorixá da Casa de Osala em Águas Claras, Juarez silva, Brasília ainda sofre muito com o preconceito, e principalmente a intolerância religiosa, o que é ainda pior. “Minha casa de candomblé nunca teve problemas, mas vemos muitas casas sendo invadidas, quebras de estátuas que são feitas por pessoas de outras religiões, entre outros atos de vandalismo”.

Segundo ele, o DF conta com mais de mil terreiros homologados de Umbanda e Candomblé. “Milhares de pessoas sofrem preconceitos até mesmo do próprio governo que disponibiliza terrenos para todas as religiões e nenhum para o candomblé. Vivemos na clandestinidade, infelizmente, porque temos terreiros em áreas residenciais e até em casas invadidas porque o governo não nos oferece nenhum tipo de ajuda”, reclama Juarez.

O sacrifício de animais

Segundo Denise Camargo que além de fotografa é doutora em artes e realiza projetos fotográficos que investigam as matrizes de origem negro-africana no Brasil, existe também um preconceito enorme com relação ao sacrifício de animais que é o meio por onde são feitas as comidas oferecidas aos orixás. “O que as pessoas não conseguem enxergar é que comemos diariamente animais sacrificados, no candomblé, acredita-se que a energia do sangue é uma energia necessária, por isso não comer animais já sacrificados anteriormente e embalados, como os que são vendidos em supermercados”.

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