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sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Brincadeira de gente grande

Considerado ilegal, o jogo do bicho tem apostadores fieis e bancas em todo o Brasil

Márcia Prado

A maioria dos apostadores de uma das mais tradicionais e populares loterias brasileiras são pessoas com mais de 40 anos e aposentados, segundo Helenete Luiza Ferreira, que faz jogos em seu salão de beleza na cidade de Valparaíso. “São pessoas que comparecem à banca em media oito vezes ao dia para jogar ou apenas conferir o resultado”, diz Helenete. Os sorteios acontecem todos os dias. As apostas tiveram origem no início do período republicano. Não existe quantia mínima a ser apostada e o valor do prêmio é baseado no valor arriscado. A maneira de apostar e a quantia a ser ganha dependem da modalidade que o jogador escolheu. Podem variar desde milhar na cabeça, tipo de aposta em que o jogador pode ganhar até 4 mil vezes o valor apostado, ou mesmo o chamado grupo em que se paga normalmente até 15 vezes o valor da aposta. “Mesmo estando contra a lei os jogos acontecem normalmente e o número de apostas é grande”, afirma Helenete. Segundo ela, a cidade de Valparaíso tem em média 50 pontos de jogos. Que faturam, por dia, um valor aproximado de R$ 100 mil com as apostas. Ela fala ainda que o valor de jogo varia bastante. “O mínimo apostado geralmente é de R$ 1, mas não tem valor máximo”, diz. Os sorteios acontecem em quatro horários: Às 11h há o sorteio local. Já o das 14h, 18h e o das 21h (também conhecido como corujinha) são nacionais. “O cambista ganha 20% de tudo que foi apostado em sua banca”, diz ela. Quanto ao prêmio, Helenete afirma que, quando o valor é muito alto, a aposta é dividida em várias bancas, para que, se o apostador ganhar, a banca não sofra sozinha o prejuízo. “O pagamento de valores muito altos não é feito à vista. Os prêmios aqui na banca já chegaram a R$ 150 mil. Nesses casos, é pago uma parte à vista, em dinheiro, e o restante através de cheque ou depósito bancário na conta do apostador”. Ronaldo Fernandes se considera um viciado no jogo. Arrisca em pelo menos três horários por dia. “Quando não tenho dinheiro, procuro moedinhas e jogo apenas centavos. Mas quando tenho, chego a colocar R$ 7 em uma única aposta”. Fernandes costuma apostar número de telefones e, como é mecânico, tenta a sorte também jogando os números de placas de carro que conserta. Há pessoas como Nilton dos Santos que jogam no horário de trabalho. “Como me baseio em sonhos, tento jogar sempre pela manhã, antes mesmo de ir trabalhar, para não correr o risco de esquecer o sonho da noite anterior. É ilegal, mas é bem organizado”, afirma. Já Marizane de Fátima chega à banca, e ao perguntar qual bicho está com mais apostas, formula seu jogo. “Não vejo nada de errado com o jogo, é como outro qualquer. Não passo um dia sequer sem jogar. Uma hora a sorte bate na minha porta”, diz ela. “Desde a primeira vez que ganhei, não consegui mais parar de jogar”, conclui. História do jogo: O barão de Drummond, João Batista Vianna de Drummond,era proprietário do jardim zoológico de Vila Isabel, no rio de janeiro, a verba que ela usava para manter o zoológico foi cortada e foi então que ele inaugurou em 1983 o jogo do bicho. Inventado pelo Barão de Drummond, em 1888, para ajudar a manter o Zoológico do Rio de Janeiro, o Jogo do Bicho logo se espalhou pelo país inteiro. Os 25 bichos, organizados numa precária ordem alfabética e as combinações de seus números (dezenas, centenas e milhares) dentro de pouco tempo começaram a ser vendidos nas regiões mais distantes e nas capitais mais desenvolvidas do país. O barão de Drummond nasceu em Itabira do Mato Dentro, interior de minas gerais em primeiro de maio de 1825. Foi por meio da idéia de um mexicano Manuel Ismael Zevada, que o barão criou o jogo mais discutido do Brasil. Nos ingressos do zoológico vinha impresso um bicho, se esse coincidisse com o que seria exibido em um quadro, determinadas horas depois, o dono do ingresso ganhava 20 mil reis. O jogo foi estendido a todo território nacional. O jogo do bicho é uma loteria muito popular no Brasil, a estimativa é de que 10 milhões de brasileiros façam apostas com freqüência e segundo Jose Petros falou a revista época em 1993, o jogo do bicho empregava cerca de 60 mil pessoas na época das facilidades dada pelos governos Brizola e Moreira Franco. Conforme o jogo foi crescendo, surgiram tentativas de ilegalizá-lo. A primeira legislação com o objetivo de desarticular o jogo do bicho, foi o decreto de nº 126 que proibia as loterias e rifas. Legalização: O decreto de lei n 9215, de 30 de abril de 1946, da lei de contravenções penais colocou o jogo do bicho na ilegalidade. Várias tentativas de legalizar o jogo foram feitas, entre elas um projeto de lei, no Senado Federal, que está em posse do Senador Romero Jucá. Há também o projeto de Lei da Câmara nº 91 de 1996, de autoria do Deputado José Fortunati, que fala sobre a legalização da prática de jogos de azar e dá outras providências. Tem como relator o senador Edison Lobão. Roberto da Matta defende que o jogo do bicho faz parte da cultura e da historia brasileira em seu livro águias, burros e borboletas, um estudo antropológico do jogo do bicho. UMA LEGALIZAÇÃO POLÊMICA CONTRA:
“À sombra dos cassinos surgirão esquemas de sonegação de impostos, lavagem de dinheiro e contrabando” – (Everardo Maciel, secretário da Receita Federal)”Os cassinos não resolvem nem resolverão o problema do turismo no Brasil” – (Caio Luiz de Carvalho, presidente da Embratur)
“O ambiente dos cassinos é sempre deletério. Favorece a vida noturna e abre as portas para a dissolução dos costumes” – (Dom Lucas Moreira Neves, presidente da CNBB) A FAVOR:
“Dependendo dos critérios utilizados para a legalização dos cassinos no Brasil, sou favorável à implantação dessas casas de apostas” – (Fred Loyo, presidente da Empetur)
“Ano passado, o Brasil recebeu 5 milhões de turistas, enquanto Las Vegas, com seus cassinos, atraiu 35 milhões de turistas ” (Senador Edison Lobão ? PFL/MA)
“A clandestinidade e a ilegalidade é que são parceiras do crime, da prostituição e das drogas” – (Senador Gilberto Miranda ? PFL/AM).
Do site Boletim Novidades Lotéricas (BNL)

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